Frankfurt, Madrid, Lisboa, Londres ... 4 dias 4 cidades!
Visitar as principais cidades europeias com saltos altos e conhecer o mundo sempre foi a minha ideia de uma vida glamourous!
Foi complicado consegui-la ... custou exactamente 1 teste de matemática e outro de inglês e 6 entrevistas! Mas consegui :)
(nota: claro que me considero sortuda porque sinceramente não sou explorada como acontece com muitos consultores por esse mundo fora ... mas também nasci com algo virado para a lua)
Mas o verdadeiro tópico deste post (apesar de só agora me ter apercebido) não é a vida glamourous (nem o facto de eu já ser tão emigrante que não sei escrever isto em português!), nem as horas de trabalho mas sim a análise fria e crua da nossa geração ...
Mal entramos para a escola entramos também automaticamente para 1 de 2 grupos distintos: os bons ou os maus. Os maus perdem-se pelo caminho quase sempre sem ajuda de ninguém (quando na maioria das vezes podiam ter um fim muito melhor) e os bons começam logo aí numa luta para chegar ao 1º lugar. O melhor nisto, o melhor naquilo, o que sabe mais, o que ganha mais, o que viaja mais, o que conhece mais paises, o que fala mais linguas, o que tem mais contactos internacionais no linked in ...
É uma competição renhida até ao fim e de repente vemo-nos lançados no mercado de trabalho e pensamos, yupi consegui !
E de repente começa uma nova competição! É aquele que tem o maior bonus, é aquele que é promovido mais depressa, é aquele que faz o MBA no sitio XPTO, é o ranking interno da empresa!
É toda esta envolvente que nos convence que temos de chegar a CEO com 30 anos, que temos de ter amigos de Singapura e da India, que temos de conhecer os melhores restaurantes das melhores cidades do mundo e tecer opiniões conhecedoras sobre os estilos de cozinha mais variados. É uma sociedade que assume que sabemos as regras de etiqueta europeias, americanas, e dos diferentes países asiáticos, que sabemos comer com pausinhos e que conhecemos o vinho xpto da casta tal e tal do ano da fava rica da região paradisiaca do país lá no fim do mundo! É uma sociedade que não admite sobrancelhas mal arranjadas nem unhas lascadas mesmo depois de uma noitada a trabalhar.
É uma sociedade que nos levanta a sobrancelha quando somos ainda apenas meet expectations ... e sublinho o ainda! Porque we will not give up!
Querem luta? Pois venha ela porque eu tenho as unhas limadas, as sobrancelhas arranjadas e sei andar de saltos!
E o mais importante ... NÃO ESTOU SOZINHA!
4 comentários:
Competimos por alguma coisa que não sabemos bem o que é, mas temos o objectivo de a alcançar... Certo?
Apesar de tudo, este post deixa-me uma grande vontade de escrever sobre o propósito das nossas vidas... Fica prometido.
Que belo post!No entanto, esta realidade preocupa-me. Não me sinto preparada para esta tão aguerrida competição que começa na escola primária sem que haja uma data final prevista. Pior que isso: não me sinto preparada para enfrentar aquilo que certos colegas são capazes de fazer para chegar primeiro. Mas hei-de conseguir, nem que seja de saltos altos!
a sociedade ocidental está cada vez mais obcecada com o trabalho, o brio profissional. cada vez temos menos filhos, menos tempo para a família e para os de quem gostamos. grande parte do tempo passa-se encafuado no local de trabalho, com a ideia de que o que fazemos é fundamental.. a verdade é que tudo o que fazemos, excluindo os grandes génios, pode ser facilmente reprodutível por outras pessoas.. não passamos de meras formiguinhas a trabalhar para o "bolo comum", sabe-se lá para quê... a vida tem tanto para descobrir, e desperdiçamo-la com futilidades... como referiu o actual Dalai Lama, passo a citar "Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem o presente, de forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido." ...
Querido Nimpo, como já te disse pessoalmente, estás coberto de razão. Cabe-nos a tarefa de controlarmos a nossa ambição, com o objectivo de atingir um equilíbrio.
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