segunda-feira, 21 de abril de 2008

O meu carro

Para começar devo dizer que o meu carro não é efectiva e burocraticamente meu, mas penso que o posso considerar como tal... Afinal de contas, sou eu quem o conduz e o cuida. Prédisposições legais postas de parte, confesso que o que me leva a elaborar este pequeno testemunho sobre tão eficaz máquina, foi a surpresa que tive ao conduzi-la... Passo por isso a contar uma pequena história sobre a nossa relação...

Estava uma tarde quente em pleno Baixo Alentejo, quando conheci a minha Renault, modelo 4 GTL de 1990. Mais conhecida como 4L, é um carro muito particular. Motor 1100, 33 cavalos, 4 velocidades, zero mariquices electrónicas, e muito boa disposição. Consome gasolina sem chumbo 95 octanas e calça pneus 135/R13.

Estava muito suja e empoeirada no dia da nossa primeira troca de olhares. Tinham enchadas na mala, teias de aranha no tecto, rolos de papel higiénico por todo o lado e cheirava de um modo muito pouco agradável... Mas eu não me importei. Senti logo que havia ali muito potencial, especialmente quando me sentei nos seus luxuosos bancos de napa negra. Eram admiravelmente confortáveis e seguros...
Olhei a manete das mudanças, testei os pedais, verifiquei como era conduzir sem direcção assistida nem espelho retrovisor, atestei o depósito, testei a pressão dos pneus e aí fui eu... Tinha cerca de 350 kms pela frente e nada me iria parar. Afinal de contas, era o meu primeiro carro. Não me podia deixar mal! Ainda assim, confesso que o facto de não ter rádio (lembram-se? eu disse zero mariquices electrónicas) me deixou um pouco triste, mas desta forma, pude apreciar a pureza do trabalhar do motor...

E pronto, aí fui eu. A viagem correu tranquilamente, dentro da loucura dos 60-80 kms/h. Não tive qualquer problema. Pude ultrapassar quando necessário e travar quando a situação o exigiu. Sem chatices! Cheguei ao destino em menos tempo que o inicialmente previsto...

Lembro-me de ter parado em frente à minha porta e ter olhado para a carrinha. Neste momento senti que ela me olhava também. Olhava-me com um cavalo faz quando se sente orgulhoso do passeio que proporcionou ao seu cavaleiro. Orgulhoso do seu feito! E não era razão para menos. A 4L tinha-me dado a primeira prova de confiança... Confesso que incialmente duvidei da possibilidade de tal feito. Mas aquele pequeno motor mostrou-me que estava errado. Muito errado. São 33 cavalos, mas muito prestáveis, cheios de boa vontade e acima de tudo, muito honestos!

E assim começou a nossa relação...
Para o próximo post, falo-vos um pouco mais dela, das suas "taras e manias", da sua maneira de ser... Entretanto aproveito para a conhecer, a cada dia que passa, um pouco melhor.

1 comentário:

Summer disse...

O teu carro é fixe! Eu sei porque já passeei por Lisboa no lugar do morto e até já o conduzi. Confesso que a localização e funcionamento altamente arcaicos das mudanças não facilitam a compreensão da mudança que acabámos de colocar, pelo que eu nunca percebia muito bem se estava em 1ª/3ª ou em 2ª/4ª. No entanto, o pópó anda bem e não envergonha ninguém! É óptimo para me ires buscar às urgências quando saio tarde e estou muito cansada de suturar. =)