quinta-feira, 8 de maio de 2008

A caminho de 1984

Olá meus amigos,

já há bastante tempo que não fazia um post neste blog. Talvez um pouco de falta de disposição misturada com um pouco de relaxamento... enfim, nada de positivo.

O que me disponho a partilhar convosco é um pequeno dispositivo electrónico que "revolucionará" as nossas vidas futuramente.
Esse pequeno dispositivo é o child locator. Ora bem, não me lembrei disto ao acaso. Infelizmente, esta semana ou a semana passada fez 1 ano que a Maddie desapareceu. Como tal, os media presentearam-nos com uma série de reportagens sobre o tema. O que mais que chamou a atenção foi precisamente este dispositivo.

Ora, e para que serve este dispositivo? Muito simples, para detectarem onde os vossos filhos estão. A tecnologia usada é GPS, que vocês provavelmente usam quando estão perdidos no meio de Lisboa ou querem ir para um local remoto em Portugal ou no estrangeiro.

Há várias questões que se podem colocar relativamente a este aparelho: 
1) Será que não pode ser detectado e destruído imediatamente pela "entidade praticante do mal"?
2) Se ele for colocado dentro de uma mochila, não pode facilmente ser esquecido pela criança em questão?

Mas mais importante, será que não estamos a caminhar no sentido de uma sociedade como a preconizada por George Orwell? Nesta sociedade há um controlo absoluto sobre todas as acções, tudo é vigiado. Bom, é que para seguir esse rumo, este é claramente o primeiro passo.

Consigo no entanto admitir: tudo bem, é trágico quando uma situação deste género sucede, mas... quer dizer, vamos colocar um dispositivo destes em todas as crianças? Vamos monitorizar todo o ser da espécie humana que tenha menos de 16 anos? Então e aquela liberdade pela qual andámos a lutar até agora? Vamos abdicar dela assim tão facilmente quando uma tragédia ocorre?

Parece-me que o ónus não está a ser colocado no sítio correcto. Que tal tomar conta das crianças, não as deixar sozinhas, esse é o papel dos pais. Ou mesmo, para alguma eventualidade, um sistema que permite a todas as autoridades a nível nacional terem a informação do sucedido e tentar localizar as pessoas o mais rapidamente possível?

Bom, para terminar, gostava de vos dizer que este dispositivo é um pequeno aparelho portátil do tamanho dum PDA ou dum telemóvel, que é facilmente transportável. No entanto, já existem alguns protótipos de dispositivos que poderão ser implantados debaixo da pele. Bom, ouvi uma questão pertinente aqui há uns dias que foi : "E que tal incluir isto numa espécie de plano nacional de vacinação?"

Acho que realmente as pessoas estão a levar demasiado ao extremo esta história. É claro que é uma tragédia, que é incocebível pensar em tal crime. No entanto, o que vos digo é o seguinte: Eu não queria viver numa sociedade que caminha neste rumo.

E vocês?

3 comentários:

Luís Correia disse...

Em relação a esta questão, devo começar por dizer que este assunto não é novidade, pelo menos para mim. Mas falando em si do problema, quero começar por demonstrar o meu ponto de vista com um pequeno exemplo. Enquanto criança e adolescente tive a sorte de viver num local que me permitiu viver as minhas pequenas aventuras, dar os meus passeios, fazer as minhas tropelias. Permitiu-me a mim e aos meus companheiros, que também são parte importante e decisiva da minha vida, poder sonhar. Sem estes anos bem vividos, acredito que seria concerteza uma pessoa diferente...
Imagino-me agora a viver as mesmas circusntâncias, mas com o GPS enfiado na mochila, ou no bolso. As 7 da tarde, hora de ir tomar banho para depois jantar, a maquineta começa a apitar, a indicar o caminho de casa, e pior que tudo, diz a minha mãe que eu afinal anda a brincar numa fábrica abandonada. Pessoalmente iria incomodar-me e condicionar-me a mim e aos meus amigos na nossa maneira de ser, estar e de agir. A liberdade perdia-se no dia em que um de nós levasse o dito localizador no bolso. Seria um Big Brother real e em tempo real. Sem edições de imagem, sem comentários, sem excrúpulos. Não considero esta, uma opção viável. De modo algum. Imaginem só, que além deste implante ser subcutâneo e fazer a transmissão, também é capaz de incomodar o seu hospedeiro. Imaginem que o dito implante GPS efectua uma pequena descarga eléctrica quando a criança se aventura por locais que os pais pensam não ser adequado, ou quando simplesmente se afasta mais de 10 metros dos mesmos para ir ao WC do comboio?
Custa-me muito pensar numa sociedade assim organizada.

Summer disse...

Eu só desejo ter tempo para tomar conta dos meus futuros filhotes. Por essa altura, presumo ter tempo para voltar a escrever neste blog...

Anónimo disse...

de facto tens toda a razão, estamos cada vez mais numa sociedade incompreensível...
daqui a nada estão todas as crianças de "trela" para não fugirem!
Temos que saber educar e cuidar dos nossos filhos, se não queremos que aconteçam tragédias nós é que temos que ter cuidado!

Considero este mundo num mal completo, por isso acredito cada vez mais em fantasia e quem sabe num segundo mundo onde tudo será melhor!!!
A ver vamos.....(",)